Anderson: Tudo começou com o réveillon
rock. Eu e Elson tínhamos conhecido o Waltinho, Bruno, Miguel, Wagner... e conversando
resolvemos fazer uma festa e fizemos o Réveillon Rock que foi o lance em que cada um que tinha uma caixinha de som ou até o som de casa mesmo, não era
amplificada pois ninguém até então tinha uma e fizemos a festa assim mesmo com muita
precariedade mas com muita força de vontade e deu certo.
Depois desse evento ficou
martelando em minha cabeça que tínhamos que fazer um evento, e também
descobrimos que podíamos animar um evento sem precisar de uma estrutura
de som legal, algo underground mesmo. Até então a Escrúpulo só havia tocado em eventos realizados pela
secretaria de cultura ou de estilos diversos, nada focado no Rock propriamente dito.
Rock em União:Esse evento réveillon a
ideia foi sua?
Anderson: Não, esse vento surgiu depois de conversas entre amigos e não teve um cabeça, a ideia era fazermos um evento com a nossa cara para celebrarmos o final do ano,tinha uma galera surgindo na Cohab também então nos juntamos e
corremos atrás e realizamos. Nesse momento tinha uma galera nova querendo
curtir e todos foram convidados, fizemos e deu certo, mesmo com um som onde não tinha como entender muita coisa, mas era tudo novo pra gente e foi como se fosse a melhor festa do mundo, todas as bandas reunidas e uma galera que tava ali porque curtia o que estava sendo feito.
Rock em União: E como surgiu o nome garagem do
rock?
Anderson: Essa ideia de fazer um evento
martelava em minha cabeça foi quando a ficha caiu. Nós podemos fazer um
movimento com as próprias caixas som em um lugar pequeno igual ao réveillon e fazer com que o movimento continuasse. Depois de ter conversado
com o bruno, voltando para a minha residência vi uma garagem aberta e falei, o
lugar é esse, temos que fazer a festa aqui. A noite reunido com os amigos
próximo ao aquarius falei que tinha encontrado o local e todos gostaram da ideia, pronto só faltava o nome do
evento. Mais tarde na trevo variedades onde hoje é farmácia mais por menos o boato sobre um suposto evento já estava espalhado foi ai que
Joninhas Mitomari falou "oxe numa garagem? E então GARAGEM DO ROCK".
Rock em União: Essa primeira edição da Garagem
do Rock você sentiu que surtiu o efeito esperado ou superou o réveillon?
Anderson: Superou, nessa primeira Garagem
do Rock a gente quis fazer algo parecido que o réveillon que era a união da galera pra fazer a força, cada um levar um pouco que você
tinha pra quando juntar o pouquinho de todo mundo dar pra montar a estrutura
que agente queria só que tentando evoluir um pouco mais. Nos juntamos e fomos falar com Francisco Vianna que era
Secretario de educação da época e ele liberou um palco de madeira que tinha do Colégio
Santa Maria que pra montar era nos pregos, aí juntamos um dinheirinho pra mandar
montar. Começamos a divulgar o garagem do rock, nesse período eu já tinha comprado uma
caixa amplificada e já aumentou a potência do som, até então não existia nenhum
movimento rock n’ roll dentro de união e também o rock não era considerado
musica em união para os leigos, pois já tinha alguns adeptos do rock em união.
E no dia do evento deu uma galera massa, e percebemos que aquilo era um
movimento underground um rock n’ roll de
verdade acontecendo em nossa cidade. A Garagem do Rock fez sucesso por que houve uma união das tribos, tinha o reggae,
o hip hop, rock, pop rock e MPB com voz e violão, tinha banda de trash metal, banda
com influencia punk e até bandas com influências confusas como era o caso da CAF (Coisas de Asas Fecais).
Rock em União:Você sentiu que o garagem do rock
deu uma sacudida na população palmarina que até então não conhecia o rock n’
roll?
Anderson: Sim, completamente. Existe
o antes e o pós Garagem do Rock, como eu tava falando o movimento abriu um
espaço para que a população conhecesse, muita gente curioso passava e
olhava aquele som lá dentro daquela
garagem e queria saber o que era e acabava entrando, quando
entrava via a galera pulando e se divertindo e viu que o negocio era animado e ficava cobrando
já o próximo, eram adultos, jovens e crianças todos unidos por um movimento. E também a gente quis levar o conhecimento a população fomos as rádios, carro de som para mostrar que nós existíamos e que estávamos aqui.
Fizemos os cartazes na base da xerox, de uma forma que o pessoal daqui não tava
acostumado com aquele tipo de marketing, era o bruno que fazia manualmente ou
no computador e tirávamos xerox, e no valor em de colocar 2 reais colocamos 2
contos e aquilo despertava a curiosidade e quem via achava uma ortografia
descontraída totalmente alternativa e saíamos colando pela cidade. Nós queríamos
mostrar que estávamos vivos e que isso existe aqui também. Fazíamos divulgação em rádios,
jornais locais com muita dificuldade, porque naquela época não tinha esse
facilidade que tem hoje, nós não tínhamos internet, tão pouco redes sociais.
Rock em União:Existe uma matéria sobre a
escrúpulo no jornal Gazeta de Alagoas?
Anderson: Sim, teve duas ocasiões. A
primeira foi no lançamento do cd da escrúpulo em 2005, quando nós estávamos
lançando o cd eu mandamos email e mensagens pra tudo quanto era jornal, televisão, para informar o lançamento do CD ,aí a TV gazeta entrou em contato e teve também a
matéria no AL TV 1ª edição. Tudo porque fazíamos questão de mostrar ao povo que nós
existíamos e que o nosso rock n’ roll tem um conteúdo e algo a ser dito. Depois disso tiveram várias outras aparições em TV's e Jornais impressos e Sites.
Rock em União: A Garagem do Rock teve uma forte
influência para as bandas que surgiram naquela época?
Anderson:Sim, porque muitos que estavam
ali pensavam: Pô se eles conseguem eu também consigo, vou tentar. E ai formavam os
grupos e nos mostravam, e entravam na programação. A Garagem tinha uma evolução do som, no inicio abria com voz e violão, depois entrava o hip hop do união D’mcs, então entravam as bandas de
rock e Reggae, e essa diversificação era que agradava ao publico.
Rock em União: E como surgiu intercambio com
bandas de outras cidades para tocar na garagem?
Anderson: Se não me falhe a memória a
primeira banda de fora a tocar foi a isteria. Bem, os primeiros contatos foi
com o Hermam, que os avós dele são daqui de união e vinham visitar e era
nosso amigo e que também tinha uma banda, ai chamamos ele pra tocar e também tinha
os meninos que estudavam no CEFET, hoje o IFAL e tinha contato com os caras
de lá que também tinham bandas. E falávamos olha temos um evento em união, você
querem tocar lá não? Até porque não tinha a facilidade de internet. 2001, 2002,2003
o que era que agente fazia pra entrar na internet? nós locávamos uma lan house de um amigo para entrar a noite e no fim de semanas, eu,
Bruno, Elson, Walter Jr... e fazíamos uma cotinha pra pagar a hora lan house nesses horários pra entrar
na net a noite com ele era conhecido nosso ele liberava a chave, por que a
internet era de pulso só poderíamos acessar nesses horários e agente só conseguia entrar assim, não
existia as redes sociais, o que existia era o bate papo da UOL. E nós achávamos
o Maximo. Eu lembro que tinha uma galera que se reunia no shopping que curtia rock e ficávamos comentando que a gente tem que ir lá conhecer essa galera pra trocar ideias e se antenar com o que estava acontecendo fora daqui de nossa cidade.
Rock em União:Quantas edições da garagem foram
realizadas?
Anderson: Sete edições oficiais e uma pirata
Rock em União:Quais os motivos que levaram a
garagem do rock enfraquecer até chegar ao fim?
Anderson: É assim, tudo que cresce e se
você não tiver uma mente organizada um dia vira bagunça. Éramosjovens e alguns não acompanharam a evolução do movimento ou começou a ter pensamentos contrários, a garagem foi
crescendo numa proporção onde as pessoas, os organizadores, alguns foram
querendo tomar rumos diferentes e foi rolando os atritos, as ideias estavam sempre divergindo, e com essas divergências de pensamentos acabou que o clima não estava muito bom. Alguns saíram do movimento outros
foram morar em Maceió, só sei que no final
sobraram eu, Waltinho e Wagner. O Wagner foi morar em Maceió e Waltinho ficou
aqui sem ânimo com a questão de produção, quem tava querendo correr atrás mesmo só
eu, inclusive eu lembro que em 2006 que foi o ultimo garagem, foi aí que eu falei com
Waltinho que aqui tava parado e já tinha um ano sem fazer nenhuma edição e eu
estava querendo fazer algo, e ai vamos voltar ou libera pra me fazer, ai ele falou por mim tudo bem num tem
problema nenhum, ai liguei pra Wagner, só que ele não autorizou que eu fizesse sozinho e
eu querendo que o movimento andasse e como era fundador do evento junto com eles e só um não estava autorizando então eu resolvi piratear o nome por uma boa causa, mudei o nome para um
parecido, porque era uma coisa eu batalhei desde o começo e estava querendo que o
negócio continuasse, até porque o movimento tinha dado uma esfriada de banda e de
publico, o clima do rock estava em baixa aqui e eu querendo ver se reanimava e
fiz a Garagem Rock só , tirei o “DO” lá no espaço alternativo, um espaço que existia em frente ao Colégio Mário Gomes. E foi quando mais uma vez dei uma esfriada, o evento foi bom mas o próprio movimento não estava querendo se ajudar. por que a galera ficava do
lado de fora esperando ser liberado para poder entrar de graça, não é justo você
fazer uma correria danada pra organizar um evento e o pessoal ficar do
lado fora porque não quer pagar R$ 3,00 reais que seria revertido pra pagar as despesas do even
to . E que me deixa mais puto ainda hoje é que a galera que fica lá na frente sem querer pagar os R$ 3 ou 5 reais e são os mesmo que pagam R$ 50,00 reais pra comprar uma camisa de bloco.
to . E que me deixa mais puto ainda hoje é que a galera que fica lá na frente sem querer pagar os R$ 3 ou 5 reais e são os mesmo que pagam R$ 50,00 reais pra comprar uma camisa de bloco.
Rock em União:Você ver ainda a possibilidade de
acontecer eventos com essa galera nova ou o rock esta instável aqui em união?
Anderson:O Rock esta instável. O que é que
acontece hoje em dia? O que está faltando é a galera de hoje ter a força de
vontade que o pessoal das antigas tinha de querer fazer e acontecer. O que eu
vejo hoje no movimento rock é que eles querem mais curtir que produzir. Eu lembro que a gente
sentava na calçada de casa pra compor ou até mesmo uma tarde sem
fazer nada ficávamos tocando as musicas das bandas que curtíamos pra descontrair. Quantas
vezes fizemos isso na casa de Alex, na porta da sua casa (Agamenon) e em vários outros lugares.
Rock em União:Dessas bandas que surgiram nessa época a
única que já se apresentou com musicas próprias foi a escrúpulo?
Anderson: Não, quase todas as bandas daquela época tinham músicas autorais, algumas tinham uma ou ou duas músicas, mas acho que só a Escrúpulo Douda tinha as músicas autorais como carro chefe do repertório.
Rock em União:Você hoje ver uma união entre os
grupos ou é cada um por si e Deus por todos que só se reúnem pra curtir o
momento?
Anderson:Deixa eu analisar cada uma dessa
isoladamente. Tem a Dr. Lhama que era interessante, eles estavam fazendo um
material interessante mais infelizmente deram uma parada e parece q tão querendo voltar. Mas a maioria das
bandas que estão surgindo hoje só querem tocar cover, e eu sempre martelando na ideia de que têm fazer musicas próprias, se vocês quiserem sair daqui tem que ser com
musica autoral. A Escrúpulo Douda foi a primeira banda de rock ‘n roll a sair
daqui de União dos Palmares se eu não estiver enganado, foi por conta disso
agente apareceu na televisão, entramos no
festival de musica do SESC, UFAL, FUCA... fizemos algumas apresentações fora de união e não era
porque tocávamos cover não e sim por que as nossas musicas agradavam até porque em um
set liste de 15 musicas 2 eram cover e o restante eram musicas autorais. Nós
queríamos agradar o publico com as nossas próprias musicas e não com os cover.
Rock em União:A escrúpulo douda ainda existe?
Mesmo com alguns integrantes fora ou com outros afazeres?
Anderson: A escrúpulo parou no final de 2012, em novembro do mesmo ano
fizemos a ultima apresentação da banda até então. Quando foi no inicio de 2013
Elson saiu da banda por que foi embora pro Rio de Janeiro e também no inicio de
2013 nasceu o meu filho e filho do Thiago e ficou complicado e a gente sempre
pensando em arrumar um vocalista pra que a Escrúpulo Douda voltasse a ativa e os afazeres de
casa tomando muito tempo também. Mas esse ano estamos com tudo pra voltar e
já fizemos até os testes do vocalista e vamos voltar aos ensaios pra que se Deus quiser daqui pro final do ano a gente esteja de cima e faça a volta da ESCRÚPULO DOUDA.
Rock em União:E Como surgiram os convites para
tocar em outras cidades?
Anderson:Através das edições do garagem do
rock. O movimento já estava sendo bem divulgado lá fora.
Rock em União:E pra fecha qual incentivo ou puxão de orelhas você manda pra essa juventude que está começando agora.
Anderson:O incentivo e o puxão de orelha é o seguinte: ter força de vontade,gravae seu próprio material pra divulgar e não só pensar em grandes eventos, tentar fazer pequenos eventos entre si, mesmo que dê 10 ou 20 pessoas mais que curtam o som. Só lembrando quando eu faço as edições de ensaio aberto é porque não tem dinheiro, é sopra não deixar o movimento morrer, mais lá atrás quando um colega fazia aniversário nós nos juntávamos e organizamos uma festinha com muito rock ‘n roll e tudo feito com simplicidade sem gastar muito. O que eu vejo hoje é essa galera com um estrelismo lá em cima, vamos ser mais humildes e fazer um movimento legal.
1º Reveillon Rock |
Adriano Lima - GR6 |
Blena -GR6 |
CAF -GR6 |
Dharma - GR4 |
CAF - GR1 |
Escrúpulo Douda - GR1 |
Escrupulo GR2 |
Escrúpulo Douda - GR6 |
Isteria - GR6 Adrenaline - GR7 GR7 Sinsinhor - GR8 |